Não sou muito de dançar, mas isso nunca me impediu de ouvir um “forrozin”. Amo escutar um pé de serra e tenho a sanfona como um dos meus instrumentos preferidos. Entretanto, o que eu mais gosto nesse estilo de música são as lembranças que me trazem.

Quando menino, acordava cedinho, percebia que “tava chuviscando” e, em meio ao cheiro de terra molhada e café, meu dia se iniciava com uma introdução do rei Luiz Gonzaga. A música se arrastava de um “radinho véio” la na cozinha, onde Mainha preparava nossa refeição. Eu amava essa mistura de sanfona, cheiro de café e sereno matinal, mas nada disso teria sentido algum se não houvesse o aperto quentinho e o xero de bom dia da minha “veia”.

Luiz Gonzaga, Flávio José e até Fagner, pra mim, não cantam músicas. Cantam lembranças de dias que eu não troco por dinheiro, fama ou poder nenhum, pois me ensinaram que são esses momentos o maior valor que temos na vida. 

Com o tempo, é claro, essas mesmas músicas agregaram novos significados em minha vida, contudo nenhum deles se sobrepôs às lembranças mais importantes que seguem firme, me conduzindo nas decisões que tenho que tomar na vida.

Em relação à paisagem escolhida, não foi aleatória. Quando trabalhava no Porto Digital, passava diariamente em frente ao prédio do Banco do Brasil e pensava: parece uma sanfona.. hehehehehe.. Anos depois fiz a foto da sanfona do rei do baião no Cais do Sertão e somente esse ano, fotografei a paisagem no angulo certo para, finalmente, por à prova minha imaginação.