Brado Retumbante: o silencioso retrato de um luto isolado

Faz tempo que o próximo segundo, tão, desesperadamente aguardado, simplesmente não acontece. O ponteiro mais fino do relógio se recusa a andar e, em meio a esse lapso temporal percebo o tempo somente em pequenos momentos do dia a dia.

No entanto, ainda em um “regime semi-aberto residencial”, sinto que há um tempo regresso que insiste em adiantar-se ao futuro próximo. É um tempo passado, já conhecido e obsoleto, mas que, por força de um imenso abismo sócio-cultural, se evidencia como um glorioso caminho ao progresso. Mas não é. Não para todos, ao menos. Afinal, como poderia, o progresso ser regresso?

O tempo parece ainda estar embananado, principalmente, em nossa república das bananas e, por isso, somos em parte, cúmplices do sofrimento de nossa amada mãe gentil que, até esse momento, perdeu mais de 500 mil filhos. É o velório do povo heroico que, em busca de um insano sonho intenso, desafiou, voluntariamente ou não, os seus peitos a própria morte.

Em minhas reflexões, entendi que não se trata apenas de uma aparente estagnação temporal causada pela pandemia, mas do início de um futuro retrógrado prometido por alguns irmãos ultrapassados. Foi, em meio a toda essa confusão de sentimentos e sensações, que capturei esses detalhes de meu isolado luto cotidiano.

Sigo na esperança, da vacinação em massa, da erradicação do vírus e, consequentemente, do fim das mortes por COVID-19. E, ao teu lado na trincheira, te agradando ou não, continuo respeitando a minha e a sua saúde, lutando como um verdadeiro brasileiro que não foge a verdadeira luta.

Um forte abraço em todos e será um prazer ler os seus comentários.