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Meta: ser um dos maiores artistas plásticos de Recife

Um desabafo contraditório de um artista comerciante em um mercado artístico de marketeiros.

A medida em que retomo a pintura e me dedico ao estudo da história da arte, me questiono se o que está sendo produzido, em especial no âmbito dos quadros fotográficos (que é uma área em que atuo), pode ser considerado obra de arte.

Sei que esse debate é antigo e que, provavelmente não haverá um desfecho satisfatório, contudo, é algo que tem me incomodado de tal forma que, hoje, considero o seguimento como “comércio de peças decorativas”. É como se (ditos) consagrados artistas pernambucanos fossem, na verdade, “lojas de quadros planejados”.

Não vejo problema nenhum nessa “feira”, inclusive, pertenço a ela.

Minha preocupação não é se uma pessoa ganha ou deixa de ganhar dinheiro com venda de alho, quadro ou penduricalho. Tampouco se há (pseudos) mestres da área que ensinam como alavancar suas vendas nas redes sociais.

Ao meu ver, o problema se constroi quando blogueirinh@s, coaches ou xamãs, à base do “foguete não tem ré”, copiam estilos artísticos com a única finalidade de vender mais. Quando alteram  terminologias em ações de marketing a fim de alcançar mais pessoas, como o uso do termo “fine art”, por exemplo. E, principalmente, quando fabricam em cursos, workshops, mentorias, etc. a mentalidade de que você produz uma obra de arte quando cria imagens com a única finalidade de vender quadros.

Ai sim vejo uma deturpação do mercado artístico sob a ideia de que produtos (objetos criados com uma finalidade prática – decorar, enfeitar, etc. – e que geram ganho financeiro) são taxados , invariavelmente, como obras de arte.

O resultado dessas ações é a desvalorização e o desestímulo de artistas que estão de fato preocupados em criar à partir de expressões, sentimentos e conceitos, trazendo ao mundo novos horizontes filosóficos. Em outras palavras, sinto que estamos reduzindo a arte à venda.

E é nesse ponto que eu encontro minha dor e contradição.

Minhas motivações criativas e as execuções de meus trabalhos, seja na pintura ou na fotografia, não são condicionados à valor de venda, estratégia de marketing ou posicionamento mercadológico. Entretanto, infelizmente, tenho cada vez mais entendido a necessidade de me alinhar aos modismos do marketing a fim de que minhas obras possam ser “consumidas”. Não somente no sentido de compradas, mas também de fazerem parte das poesias imagéticas em outros mundos particulares além do meu.

Arte não é produto para venda.
Entretanto, é possível comprar arte.

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